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"Começou por ser um acaso, possível de ocorrer a qualquer apaixonado por mobiliário: cafés fechavam, lojas batiam com as portas e eles – Vítor Paulino, Rui Penedo e Ricardo Paulino, dois designers e um arquitecto – estavam lá. 
Compravam mobiliário do século XX e aos poucos e poucos o espólio foi-se compondo. Aos poucos e poucos o espólio tornou-se significativo, as casas ficaram recheadas e o espaço livre foi sendo cada vez mais escasso. 
Quando há cerca de um ano mudaram as instalações do atelier de design rpvp, fundado em 2002 por Vítor Paulino e Rui Penedo, deu-se o clique: porque não fazer do atelier um atelier-loja? A Yoyo, aberta deste Julho deste ano, é uma selecção daquilo a que muitos chamam “mobiliário vintage” e a que Vítor Paulino não gosta de chamar mobiliário vintage: “ É mobiliário bem desenhado, bem produzido, de origem portuguesa, feito no anos x y e z.” O que se faz aqui é uma “homenagem ao mobiliário do século XX”, peças com “linhas mais rectas [do que no século XIX], com intenção no desenho, do tempo em que se investia na 

Houve um “gueto de tempo em que o design e a indústria perderam alguma ligação”, uma “dinâmica” que está agora a ser retomada mas que Vítor Paulino sente que se perdeu momentaneamente quando vê algumas peças. Por isso – e o designer arrisca a não-consensualidade da opinião – arrisca uma resposta à pergunta: "O que distingue o mobiliário deste século do mobiliário do século passado?". “Dantes", observa, "apostavam mais num bom desenho e numa boa produção.” O que distingue a Yoyo de outras lojas do género não é tanto a inovação do tipo de negócio: é a “aposta em mobiliário nacional” (“cerca de 90% do que temos é de cá”). E, até agora, o número de pessoas a baterem à porta – a loja está quase sempre de porta fechada, mas os designers e o arquitecto estão no atelier logo atrás – tem sido “surpreendente”. 

Na loja do centro de Lisboa, junto ao jardim do Príncipe Real, estão neste momento “102 peças prontas para comercializar”, mas as adquiridas (e ainda em fase de restauro) serão “umas três ou quatro vezes mais”. Em pouco tempo, deixaram de ser os promotores do projecto a procurar as coisas: “As pessoas já nos ligam a perguntar se estamos interessados em determinada peça.” Actualmente, estão também a investir em “mobiliário industrial” (quase sempre seguindo o mesmo princípio: estando atentos a fábricas que estão a fechar). Na Yoyo podem encontrar-se, por exemplo, peças dos Móveis Olaio e dos designers que lá trabalhavam, José Espinho e Gastão Machado, da Movélia, antiga construtora de Braga, da Altamira e dos designers Sena da Silva e Daciano Costa".

Texto via P3 - Público

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